top of page
  • Foto do escritorGuto Martinez

Capezzana: a origem da tradição

Maior autoridade da DOCG de Carmignano tem seu nome escrito na história


Um pedaço de pergaminho datado do ano de 804 indica que, em determinada região da Itália, eram plantadas uvas e olivas para consumo humando, vinculado a um nome que perdura até hoje: tratava-se do recibo de aquisição da Tenuta di Capezzana, produtor cuja trajetória acabou encontrando grandes nomes da História.


Localizado na base dos montes de Carmignano, o terroir de Capezzana pode se orgulhar de ser uma das denominações de origem mais antigas do mundo: em 1716, o Grão-Duque Cosimo III de Medici já delineava esta como uma das regiões onde, desde o ano 804 d.C., se produzia um dos melhores vinhos da Toscana. Outro membro ilustre da família, aliás, deu origem a uma prática que apenas centenas de anos mais tarde viria a se popularizar nessa região: Catarina de Medici é creditada com a introdução da Cabernet Sauvignon, após visitar Bordeaux, a qual foi utilizada num corte com a nativa Sangiovese, dando origem a um vinho distinto dos Chianti produzidos nos arredores.


As construções da própria vinícola são reminiscentes da vontade de uma proprietária anterior de Capezzana, chamada Monna Nera Bonacorsi, que mandou erguer diversas sedes para produção de vinho na propriedade de Capezzana no estilo arquitetônico que surgia na região da Toscana: tratava-se do início do Renascimento, por volta do ano 1475.


Após passar por diversos proprietários, incluindo um ramo da família Rothschild, nos anos 1920 a Tenuta di Capezzana foi adquirida pelos atuais responsáveis pela manutenção de toda a tradição, os Contini Bonacossi. Grande parte da tradição destes vinhos, aliás, vem do empenho da família em preservar a altíssima qualidade, aliada ao respeito com o terroir e a produção de vinhos únicos.


Em apresentação feita pelo representante da mais nova geração, Leone Contini Bonacossi, foi possível entender por que Carmignano é uma alternativa tão boa aos inflacionados Brunello di Montalcino e mesmo aos melhores Chianti Classico. Hugh Johnson, por exemplo, qualifica alguns de seus vinhos como excelentes, como é o caso do Barco Reale, conferindo três estrelas para a vinícola. Outro grande nome do jornalismo vinícola, Oz Clarke, confere duas estrelas ao produtor, destacando ainda o papel da vinícola como responsável por um renascimento da região nos anos 1970. Até mesmo o Gambero Rosso atribui o máximo de "tre bicchiere" a dois de seus vinhos: o Vin Santo di Carmignano Riserva e o Villa di Capezzana, com diversos outros recebendo dois e um "bicchiere".


A composição dos vinhos de Carmignano é complexa, sendo que eles devem levar ao menos 50% de Sangiovese, de 10% a 20% de Cabernet Sauvignon e/ou Cabernet Franc, até 20% de Canaiolo e até 10% de Trebbiano ou Malvasia, além de um resíduo de 10% de outras variedades tintas permitidas. Portanto, não é de surpreender que o vinho elaborado em comemoração aos 1200 anos da primeira menção à vinícola seja um varietal de Syrah, que possui características únicas, permitindo colocar Carmignano como uma região verdadeiramente especial.


Com tantas características únicas, é difícil imaginar que estamos falando de um DOCG que possui meros 110 hectares, mas cuja relevância pode até mesmo ter dado origem aos vinhos toscanos que hoje mais chamam a atenção pela opulência: os Supertoscanos, feitos com blends de uvas estrangeiras. Como em muitos casos, é melhor conhecer primeiro quem inventou a prática, pois seus resultados são, sem sombra de dúvida, uma história à parte!


Notas de Degustação


Chardonnay IGT 2013

Com notas aromáticas destacadas e um palato de acidez quase cítrica, este varietal se revela um Chardonnay moderno e único. Moderno e muito sofisticado, não leva madeira mas possui um paladar cremoso conferido pelo terroir e pelas leveduras. Acompanha desde pratos com frutos do mar a carnes brancas mais leves.

Preço: US$ 39.90


Trebbiano VDT 2015

Uva branca mais comum da Itália e da França, a Trebbiano encontra uma de suas melhores expressões neste IGT da Capezzanna. De coloração amarelo-palha com reflexos esverdeados, possui aromas de jasmim, amêndoas e baunilha, com um paladar de acidez gastronômica, persistência média a longa e final muito agradável. Possui uma agradável nota mineral e corpo expressivo, conferido em parte pelo estágio em carvalho. Um exemplo do que a Trebbiano pode oferecer, quando bem trabalhada!

Preço: US$ 69.90


Monna Nera 2015

Elaborado com Sangiovese, Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah e um pouco de Canaiolo, seu nome homenageia a construtora dos edifícios da vinícola ainda na Renascença. Possui a alma toscana com uma personalidade própria, e apresenta aromas frutados, especiarias (pimenta preta, baunilha, anis) e um fundo mentolado. Paladar com taninos marcantes, quase rústicos, e ótima persistência com corpo médio. Um ótimo custo/benefício!

Preço: US$ 29.90


Barco Reale di Carmignano 2012

Um vinho mais leve que o Carmignano de Capezzana, o Barco Reale ressalta as notas frutadas através da maturação em inox. O nariz apresenta frutas negras muito maduras e toques florais com um ligeiro defumado e alguma complexidade. A boca demonstra apelo gastronômico, com boa acidez, taninos marcantes mas bem refinados, boa persistência e um final ligeiramente balsâmico. Uma ótima opção para vinhos na sua faixa de preço!

Preço: US$ 39.90


Villa di Capezzana Carmignano 2013

Um dos vinhos mais tradicionais e longevos da Toscana, chega a viver por mais de 50 anos. Um corte de 80% Sangiovese e 20% Cabernet Sauvignon, possui um aroma bem marcado pelas frutas maduras e toques defumados das uvas que o compõem, com todos os elementos integrados em harmonia. Em boca, a alma toscana é predominante, com taninos rebuscados mas bem trabalhados, ótima persistência e muita elegância. Um grande vinho, merecedor das altas notas que normalmente recebe em premiações que participa.

Preço: US$ 79.50


Trefiano Carmignano 2010

Elaborado principalmente com Sangiovese, leva poucas parcelas de Cabernet Sauvignon e Canaiolo. A uva francesa imprime um caráter frutado muito agradável às nativas Sangiovese e Canaiolo, que demonstra aromas de especiarias muito bem dosados com notas de violetas e aromas de resina. A boca é aveludada, com muito equilíbrio entre todos os elementos, fruta bastante presente e final prolongado.

Preço: US$ 93.50


Ghiaie della Furba IGT 2004

Um dos primeiros supertoscanos, é elaborado desde 1979 e sempre classificado como "esplêndido". Corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah, possui muita opulência nos aromas, que levam desde frutas negras maduras, mentol, especiarias doces e aromas terciários. O paladar é igualmente potente, mas com refinamento e elegância, encorpado e com os taninos em menor destaque que nos cortes que levam Sangiovese. Muito agradável, é certamente um grande vinho.

Preço: US$ 93.50


Capezzana 804 IGT 2004

Um vinho comemorativo do ano em que foi mencionada pela primeira vez a produção de uvas em Capezzana, é um varietal de Syrah muito diferente de tudo que se conhece da uva. De coloração violeta acastanhada, possui aromas de frutas negras maduras intensas, mas ainda frescas, com um toque de resina vegetal, eucalipto, ligeiramente especiado. A boca revela potência e elegância ímpares, com intensidade e exuberância, mas sem excessos ou agressividade. Um ícone!

Preço: US$ 265,50



A importação e venda é realizada pela Mistral.

31 visualizações
bottom of page