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  • Foto do escritorGuto Martinez

Lusovini e o melhor de cada terroir português

Inverter a lógica e produzir para agradar os maiores mercados foi a aposta certeira de uma jovem enóloga que já foi eleita a melhor de Portugal


Uma jovem produtora com o intuito de oferecer aos mercados internacionais o melhor que cada terroir português pode oferecer, invertendo a lógica de surgir "da terra": é assim que Sónia Martins, uma das mais importantes enólogas de Portugal (e do mundo) cria seus produtos.

Começar a produção num país de grande tradição pensando em quem vai beber o vinho inverte uma lógica milenar, mas faz todo sentido para quem produz num país que tem relações próximas com seus mercados mais importantes - no caso, o começo foi a relação com Brasil, Angola e Moçambique, mas foi a ida aos Estados Unidos que mostrou o maior passo até então.

A aposta se mostrou tão certeira que a Lusovini abriu mão de produzir um "vinho de entrada", mais simples, focando em suas linhas de qualidade média-alta e alta, além de um cuidado com as tradições que focou quase exclusivamente em uvas originárias das regiões portuguesas, à exceção da Alicante Bouschet (uma estrangeira já mais que adaptada a Portugal), além de ter a produção de um "vinho de talha" (ou ânfora de cerâmica) no Alentejo.

Conquistados os mercados, a Lusovini teve um novo desafio quando buscou se expandir a uma nova região para além do Douro, Bairrada e Dão, e o Alentejo parecia o lugar mais óbvio - menos para Sónia Martins, que rejeitou a ideia de produzir os vinhos numa região quente, que traz as frutas marcantes. Ela então encontrou um pedaço no Alto Alentejo, próximo à vila de Portalegre, uma região de maior altitude que traz características mais próximas ao Dão, que a ela era mais familiar.

Entre vinhos tradicionais e inovadores, sérios e mais descontraídos, tantos foram os acertos que os rótulos são já grandes conhecidos entre aqueles que buscam um vinho de qualidade com preços muito competitivos, e é assim que a Lusovini coloca a sua marca nos mercados em que desembarca, estabelecendo um padrão que ficamos felizes em descobrir!

Notas de Degustação


Pedra Cancela Reserva Branco 2019 (Dão)

Elaborado com as uvas Malvasia Fina e Encruzado, que passam por 4 meses em barricas de carvalho francês, onde é feita battonage. O nariz traz frutas brancas e tropicais (abacaxi maduro, pera, melão) com algum floral bem delicado. A boca tem acidez refrescante e gastronômica, intensidade e volume, com persistência bastante longa. Ótimo acompanhamento para pratos mais leves, e também como aperitivo!





Pedra Cancela Seleção do Enólogo Tinto 2016 (Dão)

O competente tinto recebeu 96 pontos (ouro) para a Decanter em 2019, e é elaborado com Touriga Nacional (uma uva mais "dura"), Tinta Roriz e Alfrocheiro (a mais adocicada) em partes iguais neste 2016, com uma passagem de 6 meses de passagem no carvalho francês usado, apenas para a microoxigenação e para um amadurecimento, sem marcar. Pode ser visto como um típico Dão, com os aromas de frutas negras e vermelhas bem maduras, temperadas com notas de cacau, anis e pimenta preta, e um ligeiro mineral que complementa o frescor. Na boca, traz a mesma vivacidade e frescor do branco, com ótima acidez, frescor e perfil frutado, mas com elegância e equilíbrio. Taninos aveludados, persistência e corpo volumoso, mas sem peso, completam esta deliciosa opção.


Regateiro Reserva Tinto 2015 (Bairrada)

A Bairrada é a região original de Sónia Martins, e a sua uva principal, a Baga, é uma uva de ciclo de amadurecimento muito longo, e que exige muito tempo para ficar pronto - os mais antigos falavam que o vinho levava 10 anos para tomar! Este exemplar é feito em lagar com pisa a pé, que ajuda a ter uma extração menor de taninos da uva. Também leva Castelão e Touriga Nacional, variedades que trazem um pouco mais de maciez e doçura ao vinho, e procura levar a Bairrada a um paladar mais familiar aos que não são tão conhecedores da região. Traz no nariz as frutas vermelhas e negras frescas, com um toque especiado e balsâmico (a Baga realmente traz uma sisudez). Tem o paladar um pouco mais duro, mas sem agressividade, com taninos muito marcantes e acidez gastronômica, com persistência longa e um final saboroso.


Sericaia Tinto 2019 (Alto Alentejo)

Sericaia é um doce português típico do Alentejo, onde é produzido este vinho, que leva Aragonez, Alicante Bouschet e Trincadeira. O perfil deste vinho é distinto, com um perfil frutado e fresco como se espera, mas com uma sensação defumada também. Tem um paladar com acidez equilibrada, taninos redondos e um pouco mais discretos, mas presentes, num perfil elegante, aveludado e com potência. Um vinho e de boa longevidade (10 anos ao menos), é um exemplar de Alentejo mais sério e elegante.



Porto Andresen LBV 2014 (Porto)

Este vinho é produzido em parceria com a enóloga, que fornece consultoria à Andresen, mas que é oferecido no catálogo da importadora. Equilibrado, oferece as frutas secas típicas dessa variedade, com notas de frutos vermelhos em compota, além de apresentar boa acidez em boca e um final muito agradável. Ainda parece ser jovem, então vai muito bem com sobremesas adocicadas, como a mousse de chocolate meio amarga.




Os vinhos da Lusovini são trazidos ao Brasil pela TDP Wines, uma grande promessa entre as importadoras nacionais que possui um catálogo cada vez mais interessante, no qual se inclui a linha Go UP!, totalmente produzida para ela.

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