Vinhos Verdes: frescor, tradição e versatilidade à mesa
- Guto Martinez
- há 1 dia
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Maior denominação de origem portuguesa é conhecida pelos brancos frescos, mas oferece muitas opções

Entre os rios Douro e Minho, o clima atlântico, úmido e marcado pela vegetação sempre verde, deu nome a uma das regiões mais emblemáticas de Portugal: os Vinhos Verdes, oficialmente demarcada em 1908. O solo granítico, com manchas de xisto principalmente no Minho, confere caráter único e mineralidade aos vinhos, além de proteger as raízes das videiras e preservar os aromas.
A maior denominação de origem de Portugal
Os Vinhos Verdes passam por um rigoroso processo de certificação que assegura autenticidade, origem e qualidade. A região é dividida em 9 sub-regiões, cada uma com microclimas e solos que favorecem diferentes castas. Entre elas, destaca-se Monção e Melgaço, berço da casta Alvarinho, que melhor expressa ali sua tipicidade e elegância.
Embora a fama esteja ligada sobretudo aos brancos frescos e leves, que se tornaram sinônimo de “vinho verde” mundo afora, a região também produz espumantes de qualidade, brancos estruturados de guarda e uma ampla variedade de tintos e rosés com personalidade.
O domínio das castas brancas
Não surpreende que cerca de 80% da produção seja de vinhos brancos. Entre as castas mais plantadas estão Loureiro e Alvarinho. Esta última, considerada a “rainha” da região, ganhou espaço em mercados exigentes como Bordeaux e Uruguai, graças ao seu perfil aromático intenso, frutado e ácido. Quando maturada em barrica, pode apresentar nuances mais maduras, meladas e adocicadas.
Outras castas brancas também merecem atenção:
Azal, vibrante e cítrica, conhecida como “indomável”;
Avesso, mais frutada e floral, com potencial de guarda;
Arinto, cítrica e fresca;
Trajadura, delicada;
Loureiro, com perfis florais marcantes.
Esse leque de opções permite aos produtores explorar desde brancos jovens e leves até vinhos mais complexos, capazes de surpreender em harmonizações gastronômicas.
O renascimento dos tintos e rosés
Os tintos verdes têm cada vez mais conquistado espaço. A casta Vinhão (Sousão), intensa e de aromas de frutas maduras, é a mais emblemática, mas outras como Borraçal, Padeiro, Espadeiro e Alvarelhão trazem perfis distintos — do leve ao potente, passando por rosés de diferentes estilos.
Hoje, alguns restaurantes estrelados em Portugal já incluem varietais de Alvarelhão, antes considerada secundária, como destaque em suas cartas. E vale lembrar: um tinto verde vai muito bem até com a nossa feijoada brasileira!
Frescor que conquista
A diversidade dos Vinhos Verdes é o que os torna tão especiais: do branco leve servido em dias quentes ao rosé refrescante, do tinto intenso ao espumante elegante. Uma região que alia tradição centenária, inovação enológica e versatilidade à mesa — sempre com a marca registrada do frescor.
Notas de Degustação

Côto de Mamoelas Alvarinho Reserva Brut 2020 - Provam
Coloração amarelo palha esverdeada com perlage intenso mas ligieiro, bastante refinado, feito no método tradicional, expressa tanto a criticidade típica da variedade com notas de frutos brancos (marmelo), florais e minerais, e um ligeiro tostado. A boca traz potência gastronômica com uma acidez sedutora, untuosidade e final limpo. Ainda sem importador, é um excelente Brut.
Alvarinho Deu-La-Deu 2022 - Adega de Monção
Clássico, foi um dos primeiros Vinhos Verdes de qualidade que muitos conheceram. O amarelo palha da taça vem com aromas de frutas brancas, cítrico, maracujá, lichia, pêssego, notas minerais. A boca traz a acidez elevada e uma persistência muito prolongada, marcas de um grande nome.
Preço: R$ 188,99
Quinta São Gião Alvarinho Barrica 2020
A passagem por madeira favorece muito a variedade! A coloração amarela mais escura agora vem com frutas mais amarelas e maduras, carameladas, pêssego em calda e abacaxi gratinado. A boca ainda vem com boa acidez, persistência e muita elegância, entregando notas mais suaves para quem prefere vinhos amadeirados. Vinho também sem importação.
Alvarinho Primeiras Vinhas 2017 - Soalheiro
Ícone de Alvarinho. Coloração dourada, os aromas cítricos encontram frutas tropicais como manga, florais de jasmim, e na boca o destaque é a persistência, símbolo da qualidade deste grande nome!
Preço: R$ 418,47
Parcela do Convento 2020 - Aveleda
Esse varietal de Loureiro mostra que essa uva foge da citricidade para entregar mais frutas brancas, como peras, um floral mais presente e alguma herbacidade. A boca traz acidez mais contida, mas com boa persistência. Muito saboroso!
Preço: R$ 435,99
Loureiro Reserva 2019 - Adega Ponte de Lima
O nariz traz sinais de frutas brancas e amarelas, com o cítrico de grapefruit, algum mel, notas resinadas quase chegando ao querosene, com uma boca envolvente que tem uma acidez gastronômica, persistente e refinada. Um ótimo vinho, também sem importador.
Loureiro Escolha 2015 - Quinta do Tamariz
Com quase dez anos, tem coloração dourada. Nariz de frutas cítricas amarelas já com notas amendoada e florais marcados, e a boca mais untuosa e estruturada, mostrando mais complexidade e exuberância com a evolução do envelhecimento - e ele ainda aguenta mais alguns anos! Vinho sem importador.
Avesso Reserva 2022 - Covela
Coloração amarelo palha ligeiramente esverdeado bem mais claro, traz nariz mais contido, com frutas e flores brancas e um ligeiro mentolado e mineral que apareceu após oxigenação. A boca é bastante elegante, com um potencial gastronômico interessante - este vinho promete acompanhar muitos pratos sem conflito, já que tem acidez sem excessos. Um vinho muito versátil.
Preço: R$ 214,90
Colinas do Avesso 2018 - Quinta da Liza
A coloração já está mais dourada e intensa nesse varietal que possui mais extração e maceração, e o perfil aromático vai de cítricos mais amarelos (laranja) a florais, com notas de anis estrelado conferidas pela passagem em madeira. A boca ainda traz essa citricidade com um final ligeiramente terroso, muito saboroso. Também sem importador.
Sem Igual Ramadas Metal Arinto & Azal 2018
Um vinho mais dourado translúcido e brilhante, com cítrico intenso mais maduro e floral também. A boca tem a acidez elevada e bem cítrica num vinho que pede acompanhamento de um prato à base de peixes assados ou ensopados. Mais um sem importador.
310 Espadeiro - Vinhos Norte
Este rosado dessa variedade tinta pouco conhecida por muitos traz uma intensidade de cor que lembra quase uma groselha, e um gaseificado notável que chega a formar perlage na taça. Os aromas são explosivos e lembram muito frutas vermelhas (morango e groselhas), romã e herbáceo, lembrando vinhos de engaço. A boca é mais fresca e leve, e pede pratos com queijos frescos de cabra e até saladas ou grelhados brancos.
Preço: R$ 249,00
Vinhão Reserva 2021 - Casa de Vila Pouca
Que potência! Um tinto extremamente intenso na taça, bem violáceo e escuro, com as notas aromáticas que mostram cerejas maduras, herbáceos (alecrim), até notas de piche. A boca tem muita acidez e, embora não seja um vinho de grande corpo, traz potencial gastronômico elevado - esse é o vinho para acompanhar a feijoada!
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