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  • Foto do escritorGuto Martinez

Paolo Coppo, o rei da Barbera

Produtor conseguiu elevar uva piemontesa a novo patamar



Quando uma vinícola une a paixão e o conhecimento familiares à tradição regional, o resultado não pode ser outro: vinhos fantásticos, que traduzem com perfeição todo o potencial das uvas em combinação com seu terroir. E com a Coppo, o resultado é tão expressivo que seu proprietário, Paolo Coppo, faz jus ao título de Rei da Barbera, uma das uvas mais facilmente relacionadas à cidade de Asti.

Com adegas que fazem parte de um complexo de túneis do séc. XIX, escavados a mão e chamados "catedrais subterrâneas" do complexo da Comuna de Canelli, reconhecidas pela UNESCO como patrimônio da humanidade, a vinícola Coppo é vista como uma das protagonistas da região do Piemonte, não apenas por seu valor histórico, mas principalmente em decorrência da qualidade de seus Barbera e Chardonnay.

Este prestígio se deve, em grande parte, ao trabalho de Paolo Coppo, cujo estilo é descrito no Gambero Rosso como de "um estilo moderno e polido". Seu Chardonnay, de acordo com este guia, é visto como um dos vinhos com envelhecimento mais interessantes da Itália, e demonstram o foco do produtor em igualar a qualidade da região de onde a uva se origina, a Borgonha. Não à toa, é colocado ao lado do Gaia como o mais importante do país.

O trabalho com a Barbera, por sua vez, resultou em vinhos que alavancaram o prestígio dessa uva a novos patamares após a década de 80, e hoje seu Pomorosso mereceu os cobiçados tre bicchiere do Gambero Rosso, obtidos já por mais de dez anos seguidos. Oz Clarke também o classifica como um dos melhores produtores da região, e Hugh Clarke concede à vinícola duas a três estrelas, destacando este mesmo vinho como um dos mais representativos da qualidade deste produtor.

Também a Nebbiolo, outra uva típica do Piemonte, recebe um tratamento especial: a Coppo recebeu uma autorização especial para fazer vinhos com a denominação de Barolo fora da respectiva região, após rigorosa avaliação do Ministério da Agricultura italiano, e as uvas oriundas do prestigioso terroir de Castiglione Falletto produzem um vinho de estilo refinado, mas com um toque moderno e com as nuances dos vinhos piemonteses integrados aos típicos de um Barolo.

Mesmo com a tradição alcançada ao longo de mais de um século na produção destas uvas e de seus espumantes, que foram os responsáveis originais pelo sucesso da vinícola - a casa produz um excelente Moscato D'Asti -, Paolo Coppo não descansa em sua busca por qualidade: um de seus vinhos, o Gavelli, foi feito no espírito da vinicultura natural e com base em estudos científicos do Wine Research Team, no qual foi abandonado o uso de sulfitos, resultando num vinho muito moderno, aromático e de impressionante frescor.

Uma ótima surpresa da casa é a produção de uma iguaria típica do natal, e que harmoniza muito bem com o Moscato D'Asti Moncalvina: um Pannettone, cujo sabor é tão familiar, mas ao mesmo tempo com diferenças marcantes aos que facilmente encontramos no Brasil, de massa bastante leve e um sabor que demonstra a utilização de ovos caipiras, remetendo novamente ao cuidado deste produtor a tudo que faz.

A vinícola Coppo, cuja história já passa a se misturar com a tradição piemontesa, demonstra sua vontade de aliar um passado de sucesso a um futuro promissor, se valendo de técnicas modernas para que seus vinhos permaneçam no patamar de sucesso que elevaram a própria Barbera a um status antes desconhecido a ela.

Notas de Degustação

Costebianche Chardonnay

Um dos melhores Chardonnay da Itália, é descrito pela Wine Spectator como "delicioso e cheio de sabor". Em taça, palha claro com reflexos esverdeados. Nariz com frutos amarelos tropicais frescos (abacaxi), manteiga, herbacidade, ligeira mineralidade. Em boca, prevalece o frescor conferido pela acidez, uma certa untuosidade que confere um corpo médio. Muito equilíbrio no uso da madeira, que destaca os demais elementos, ao invés de mascará-los.

Monteriolo

Este vinho é a referência absoluta em Chardonnay italiano, lembrando muito os vinhos da Côte de Beaune, na Borgonha. Em taça, amarelo levemente dourado, denotando já algum envelhecimento muito desejável. No nariz, destaque à sua complexidade, com frutos amarelos cozidos, damascos secos, brioches com manteiga, herbacidade, ligeira mineralidade. Em boca, é notável a forma como seus elementos se integram para conferir elegância ao todo. Acidez presente, mas controlada; untuosidade quase amanteigada; encorpado. Um grande Chardonnay com ótima capacidade de envelhecimento, de ao menos 10 anos.

Barbera D'Asti L'Avvocata

Feito 100% com a variedade Barbera, passa por fermentação primária e malolática em aço. É um vinho feito para manter as características da Barbera (alta acidez e pouco tanino), o que o torna um vinho de consumo imediato e ótimo para harmonizar com pratos à base de pães e massas com molhos ácidos (bruschetta, pizza). Em taça, rubi com toques violáceos e tons granada. No nariz, prevalência das frutas frescas vermelhas e negras (amora, cereja). Em boca, a acidez é o traço mais marcante, com os taninos de fato bem suaves. Médio corpo e persistência, com um final ligeiramente balsâmico. Seria uma ótima opção para uma noite mais quente.

Barbera D'Asti Camp du Rouss

Um Barbera com um toque de carvalho, obteve ótimos resultados em avaliações (RP 90+ em 2008). Em taça, rubi intenso com granada, indicando uma unha de amadurecimento. No nariz, as frutas estão mais maduras e são acompanhadas de especiarias e um toque floral de violetas, com especiarias doces. Em boca, a acidez ainda é marcante, e vem com um pouco mais de taninos muito macios. Persistência média a alta com um toque sucré, é extremamente elegante e equilibrado. Um modelo do potencial da uva.

Pomorosso Barbera D'Asti 2010

Um vinho merecedor dos tre bicchieri conferidos pelo Gambero Rosso, passa 16 meses em barrica. Em taça, rubi intenso com nuance granada, resultante do ligeiro envelhecimento. No nariz, surge uma deliciosa complexodade que inclui frutos vermelhos como amarenas confitadas,cerejas e amoras, com especiarias doces e aroma floral de violetas numa maior intensidade. Em boca, parece possuir um caráter etéreo, tomando o paladar por inteiro, sem agressividade. Acidez bastante gastronômica, ótima persistência e taninos ligeiros, mas bastante redondos. Sem dúvida um dos maiores vinhos piemonteses.

Barbera D'Asti Gavelli

O mais novo vinho de Paolo Coppo, é o primeiro que faz sem sulfitos, com a ajuda do Wine Research Team. Um vinho natural que não oxida prematuramente. Em taça, é rubi violáceo, bastante incomum entre os Barbera de Coppo. No nariz, frutas negras maduras encontram notas ligeiramente herbáceas e um certo aroma defumado, bastante aromático. Em boca, se mostra muito gastronômico, com os aromas se revelando bem presentes também no paladar, e alguma picância. O teor de açúcar parece estar mais elevado, mas como se trata de um vinho de muita intensidade, seus elementos encontram um interessante equilíbrio. Muito potente, cheio de caráter!

Barolo 2008

Com uvas provenientes do histórico terroir de Castiglione Falletto, passa por três anos em botti de carvalho. Em taça, rubi-granada tendendo para o tijolo, bem distinto dos demais vinhos de Coppo. No nariz, as frutas vermelhas e negras estão mais maduras, e acompanhadas de especiarias doces (cravo, anis estrelado), pimenta-do-reino e um discreto toque balsâmico, bastante sedutor. Em boca, a acidez vem acompanhada de taninos mais marcantes, mas muito sedutores, que perduram pela mesma persistência em boca do vinho. A tipicidade do Barolo encontra elementos piemonteses para entregar um vinho único.

Moscato D'Asti Moncalvina DOCG 2013

Um espumante bastante fino e delicado, apresenta a tipicidade deste vinho piemontês. Em taça, amarelo palha com reflexos violáceos, perlage muito fina com alguma persistência, formação de coroa ao servir. No nariz, um delicioso aroma de lichias com frutas amarelas em calda (pêssego), toque de flores amarelas e brancas (jasmim, rosas secas), mel, um toque de mineralidade semelhante a um riesling alemão. Em boca, a acidez e o açúcar conferem equilíbrio, sendo este um espumante muito untuoso, com uma densidade que o deixa quase cremoso. Perfeito para harmonizar com outra especialidade piemontesa, o panettone.

Panettone Moncalvina (Produto sazonal)

Especialidade da casa, leva o mesmo nome do espumante com o qual harmoniza. Feito com ovos de galinhas caipiras e avelãs do Piemonte, ele passa 12 horas de cabeça para baixo para esfriar. Um sabor mais forte de gemas em relação aos nosso, não tem nenhuma gordura vegetal, apenas manteiga. Uma obra de arte gastronômica, que harmoniza perfeitamente com o Moscato D'Asti de mesmo nome!

Os vinhos de Coppo vêm para o Brasil pelas competentes mãos da Mistral (www.mistral.com.br), e podem ser encontrados no site do importador.

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